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Simpatectomia e Hiperidrose


Trata-se de uma condição com provável causa genética. É caracterizada pelo suor excessivo, particularmente nas mãos (hiperidrose palmar), nos pés (hiperidrose plantar), nas axilas (hiperidrose axilar) e na face e couro cabeludo (hiperidrose craniofacial), sem que haja motivação aparente para que isso ocorra. Incide igualmente em pacientes do sexo masculino e feminino.

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Sobre a Simpatectomia e Hiperidrose

  • Tipos

    A hiperidrose palmar costuma surgir na infância, agravando-se na época da puberdade, período de transição em que a instabilidade emocional se acentua. Algumas vezes há melhora da condição com o amadurecimento psíquico do paciente, porém, muitas vezes, os sintomas persistem durante toda a vida.



    A hiperidrose axilar geralmente surge na época da puberdade e também persiste durante muitos anos, incomodando principalmente os adultos jovens, que têm que enfrentar seus maiores desafios nesta idade (estudos, relacionamentos, faculdades, empregos, estabilidade emocional e financeira).



    A hiperidrose crânio-facial, habitualmente na idade adulta, vem muitas vezes associada à elevação do estresse e/ou aumento do índice de massa corpórea, ou seja, com o aumento de peso que pode ocorrer também nesta mesma época.



    A hiperidrose plantar, em geral, acompanha a hiperidrose palmar, é agravada pelo uso de calçados fechados que ajudam a promover a maceração da pele. Além de poder ocasionar odor penetrante nas meias e sapatos, o excesso de transpiração nos pés favorece a ocorrência de infecções fúngicas (micoses) ou bacterianas. 



    O uso de chinelos, principalmente os de plásticos, também representa um problema. Os pacientes podem escorregar, cair e em certas situações até ficarem expostos a algum perigo devido a esta condição. 

  • Principais Sintomas

    O principal sintoma da hiperidrose é o suor excessivo, que costuma ocorrer em determinadas áreas localizadas, como já mencionado, nas axilas, mãos, pés ou rosto.

    As extremidades afetadas pela hiperidrose, por transpirar excessivamente, apresentam-se frias e, por vezes, arroxeadas.  Nesse sentido, acaba interferindo diretamente nas esferas educacional, social, afetiva e profissional do indivíduo. 

  • Diagnóstico

    O diagnóstico é basicamente clínico, sendo que a história do paciente, referindo, em geral, início na infância com agravamento na puberdade e ou na idade adulta, é suficiente para caracterizar os quadros. No exame físico, constata-se a transpiração significativa nas regiões citadas, que costuma ser bem evidente nessa ocasião, pela maior tensão emocional que o exame médico acarreta.

  • Prevenção

    Não há medidas específicas para prevenção da hiperidrose; em alguns subtipos, como na hiperidrose craniofacial, manter-se dentro do peso ideal pode ajudar a diminuir os sintomas.

  • Tratamento

    Dependendo da intensidade, a hiperidrose pode ser tratada clínica ou cirurgicamente.


    Tratamento clínico

    O tratamento clínico dermatológico pode ser feito com o uso de correntes elétricas aplicadas a soluções que banham as mãos (iontoforese), dificilmente tolerado pelos pacientes. Outra alternativa de tratamento dermatológico é o uso de toxina que pode ser aplicada nas mãos ou axilas,  e cujo efeito é transitório, durando cerca de quatro a seis meses.


    Atualmente, o tratamento clínico mais utilizado é a medicação à base de uma substância chamada Oxibutinina, com dose baixa, e aplicada por via oral, uma ou duas vezes por dia, sempre com orientação e controle do médico especialista. Apesar de ter sido desenvolvida para outras doenças, esta medicação pode reduzir o suor excessivo em parte (quase 70% ou mais) dos pacientes com hiperidrose.


    Estudos clínicos têm demonstrado resposta bastante positiva com estes medicamentos para hiperidrose e por longo prazo. Contudo, têm como principal efeito colateral a boca seca e seu uso não é recomendado em gestantes, bem como em pacientes com alguns problemas oculares (por exemplo, o glaucoma) e também em algumas outras doenças gastrointestinais e/ou urológicas.


    Tratamento cirúrgico

    O tratamento considerado definitivo para essa condição é o cirúrgico, mas recomendado para um grupo específico de pacientes, que consiste na retirada de um segmento localizado da cadeia simpática (Simpatectomia Torácica Bilateral) na extensão necessária para abolir a sudorese na região afetada.


    A simpatectomia torácica, empregada para tratar a hiperidrose palmar, axilar e craniofacial, a partir da década de 90, passou a ser feita por via endoscópica, empregando sistema de vídeo, pois a operação é realizada com somente duas pequenas incisões (de 0,5 cm) de cada lado do tórax, com duração aproximada de 30 a 40 minutos, e o paciente recebe alta hospitalar após 24 horas.


    De acordo com os pacientes operados, a cirurgia está associada a 95% de satisfação. O principal inconveniente da cirurgia, que pode inclusive levar ao arrependimento de ter operado em um pequeno número de pacientes, é a sudorese compensatória. A sudorese compensatória é o aumento do volume de suor após a cirurgia em regiões do corpo como as costas, nádegas e coxas.

Como funciona a simpatectomia torácica?

A simpatectomia torácica não é considerada uma cirurgia complexa. Ela é realizada sob anestesia geral e através de dois cortes de 5mm de cada lado do tórax. Por um dos cortes introduzimos uma câmera e por outro um cautério. Dentro do tórax identificamos a cadeia simpática e a dividimos com o cautério.  A altura do corte da cadeia depende de qual o local que desejamos tratar, como as mãos ou as axilas.   


O resultado pode ser reparado assim que o paciente acorda da anestesia e, em média, a alta ocorre após 24 horas.

Quando é indicada?

O mais importante antes da indicação cirúrgica é uma avaliação criteriosa pelo especialista nesta área, de preferência com um tratamento clínico inicial e, depois de todos os detalhes do procedimento discutidos com o paciente e com a família, pode então ser indicada a cirurgia. 


A principal indicação é para tratar suor excessivo nas mãos, das axilas e da região craniofacial. Ela também pode ser realizada em casos específicos para quem sofre de: 

  • Rubor facial;
  • Síndrome de Raynaud;
  • Dores crônicas;
  • Fenômenos vasculares isquêmicos dos membros superiores ou inferiores.

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Cuidados Pré-Operatórios

O cirurgião deve solicitar uma série de exames pré-operatórios para analisar o estado de saúde do paciente. Entre eles, destacam-se:

  • Exame de sangue, para verificar o nível de açúcar e demais taxas sanguíneas importantes, como a coagulação; 
  • Exame de urina;
  • Radiografia de tórax;
  • Eletrocardiograma.


Além disso, o paciente deve estar em jejum absoluto de 6 horas e chegar 2 horas antes no local da cirurgia, para que ele receba as orientações iniciais.

Cuidados Pós-Operatórios

A recomendação é ficar, pelo menos, de 2 a 4 dias sem esforço físico importante. Após esse período, as atividades habituais, como dirigir e trabalhar, podem ser retomadas gradativamente. 


Atividades físicas intensas apenas podem ser realizadas a partir do 15º dia após a cirurgia.

Principais Dúvidas


  • É possível medir ou prever a intensidade da hiperidrose?

    Pode-se até tentar, mas é muito difícil medir a quantidade de suor produzido em algumas áreas do corpo como, por exemplo, palmas das mãos e axilas. Essa mensuração também não teria valor clínico, pois o mais importante para tomada de decisão é saber se o excesso de suor incomoda e/ou impede quase todas as atividades sociais e/ou profissionais dos pacientes afetados, ou seja, quanto afeta a qualidade de vida do paciente.

  • A hiperidrose desaparece se eu tomar medicação definidas como ansiolíticos e ou antidepressivos?

    Embora a hiperidrose pareça estar relacionada a uma resposta central anormal ao estresse, isso não significa que a hiperidrose desaparecerá quando o paciente tomar apenas uma medicação definida como ansiolítica ou antidepressivos quando podem se comportar melhor socialmente. Mas, por outro lado, quando as pessoas que apresentam hiperidrose ficam muito ansiosas, sob tensão emocional ou deprimidas, os sintomas (produção de suor) costumam aumentar e pode-se dizer que se instala um círculo vicioso, difícil de ser controlado. Algumas destas medicações têm um papel muito limitado no tratamento da hiperidrose e alguns deles, inclusive, como descrito na bula dos medicamentos, podem até aumentar a produção do suor como efeito colateral.

  • A presença de odor axilar pode estar relacionada à hiperidrose?

    O termo médico para a presença de odor corporal desagradável é bromidrose e pode causar ou aumentar o constrangimento social significativamente. 


    A bromidrose se dá devido à biotransformação de secreções naturais inodoras em moléculas odoríferas e está associada à presença de algumas bactérias na região axilar que podem ser difíceis de controlar, ainda mais com a presença do suor excessivo.


    As glândulas sudoríparas são divididas em glândulas écrinas, encontradas em todo o corpo, e glândulas apócrinas, localizadas principalmente na axila, mamas e região da virilha. Embora o metabolismo bacteriano do suor apócrino possa predispor e geralmente causa o mau cheiro, o suor écrino, além de facilitar a manter esta situação, também pode se tornar mais ofensivo após a ingestão de certos alimentos, como alho e álcool em excesso.

  • O que é sudorese ou hiperidrose compensatória?

    A hiperidrose compensatória é a produção excessiva de suor de áreas da pele com função sudomotora preservada, como a barriga, as costas e as coxas, e este é o efeito colateral que pode ocorrer em pacientes submetidos à  simpatectomia. 


    Devemos ter  atenção especial aos pacientes candidatos a simpatectomia que já apresentam aumento da sudorese no tronco, região da virilha ou parte superior das coxas. Estes pacientes, devem ser avisados ​​de que apresentam risco aumentado de desenvolver sudorese compensatória


    Outro fator que tem impacto importante na sintomatologia e/ou na piora da sudorese compensatória é o índice de massa corpórea. Pacientes com este índice aumentado e com a camada de gordura volumosa, que impede e dificulta a troca da temperatura com o meio externo, não só relatam piora dos sintomas, como também dificuldades sociais, de trabalho e alteração importante na qualidade de vida.

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